quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Apreciação e Crítica de Espetáculo: Atire a primeira pedra

Atire a primeira pedra, espetáculo de formatura dos alunos da Escola de Belas Artes da UFBA (grupo Os 50'Tões – Trupe de teatro), baseado em contos da coluna A vida como ela é..., publicados no Jornal Última Hora, durante o ano de 1961, pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, apresenta entre outros temas, o adultério, os amores proibidos e secretos, evidenciando, além das repressões às mulheres – priorizando a ótica feminina no universo rodriguiano, retratando uma época marcada pela lei patriarcal e a decadência da classe média, o falso moralismo de uma sociedade hipócrita e machista. Amarrados em dez cenas onde as mulheres explodem desejos reprimidos e fazem valer sua vontade, tratando de temas muito próximos do nosso cotidiano. Interessaste, pois mostra como essas situações, que achamos que só ocorrem com pessoas longe de nós, muitas vezes acontecem com amigos nossos, vizinhos, ou até dentro de nossas casas.
A peça nos remeti a emoções como surpresa, alegria, ansiedade, e podemos citar também a tristeza, como por exemplo, na cena da morte mãe, mas com uma roupagem mais humorística, para não carregar a cena. Certamente por essa adaptação ao humor, a peça não se torne monótona, com um ritmo das cenas adequado, onde todas são ligadas pelo mesmo tema. Também pela introdução das músicas e das coreografias, o espetáculo acaba ficando divertido.
A disposição do espaço e dos atores é um show aparte. O cenário extremamente funcional, com requintes e detalhes como as penteadeiras e seus abajures atrás da cena, as marcações só com a mesa que muda para posições como o Kamasutra, enchendo a imaginação de qualquer mortal mais criativo, o fio luminoso que contorna o palco, aceso em momentos estratégicos, que nos faz lembrar aqueles palcos de “cabaré”, ou shows americanos, e a luz focalizada no ator, quando ele fala antes de cada cena, quase cinematográfica; figurino adequado a cada cena, quase típicos, os saltos altos e cintas-liga bem cuidados e fundamentais; maquiagem forte, revelando bem casa expressão dos atores.
O grupo - que já apresentou em Salvador, Larilará Macunaíma Saravá, direção de Hebe Alves, Perseguição e Assassinato de Jean-Paul Marat, dirigido por Daniel Marques e Uma Visita à Casa de Bonecas, direção de Carol Vieira e Iami Rebouças - é um rebanho de talento. Atores muito bem preparados, quem além de interpretarem (muito bem, por sinal), tens um preparo pra dança e canto, fazendo um casamento perfeito entre as modalidades, onde uma completa a outra, em alguns momentos dar-nos a impressão de estarmos diante de um musical. Além de se entregarem de corpo e alma aos personagens, conseguindo passar verdadeiramente cada expressão e cada sentimento vivido por estes.O Espetáculo é perfeito, recomendado para todos, principalmente aos homens machistas, que não dão o devido valor à mulher, achando que ela só serve para cozinhar, limpar e cuidar dos filhos, muito pelo contrário, elas merecem milhares e milhares de prêmios, pela garra e força de vontade de crescer, desenvolver, e lutar, e chegar, nem que seja ao nível imposto pela sociedade, do homem. E aos machistas, não esqueçam, “cuidado amigo, você perde a mulher, não é só casa e comida, o que ela mais quer!!!”
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Universidade Federal da Bahia
Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Prof. Milton Santos
Trabalho sobre Dança - Ação Artistica
03 de maio

Um comentário:

  1. muito bom o texto, passa detalhes importantes da montagem, tanto técnicos como gerais, entretanto fáah tente prestar atenção em algumas construções que se tornam estranhas à leitura, no mais o texto está de fato muito bem escrito.

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